A minha, definitivamente tem se movimentado entre tantos estímulos e necessidades distintas. E talvez até por isso, o intervalo grande entre a última publicação e esta.
O que me leva à motivação para esse tema hoje.
Cada vez que vejo um anúncio de vaga, em especial nas áreas de comunicação e tecnologia, que estão relacionadas ao meu interesse e atuação, encontro como pré-requisito ser um perfil multitarefa e orientado à resultados/performance, o que de modo geral significa que buscam por alguém que seja especialista em determinada atividade e consiga atuar ativamente ao mesmo tempo com um grande volume de informações e solicitações, respondendo de maneira rápida e eficiente a tais demandas.
E qual é a grande questão nisso, você deve estar se perguntando?
Bem, eu também tenho refletido sobre isso, e pelo que li recentemente, em especial essas duas publicações compartilhadas pelo @br_cordeiro e parte do estudos referenciados em cada uma delas, conforme recorte das imagens que ilustram esse post, além, claro, da minha própria experiência nos últimos 5 anos, consumindo e produzindo conteúdo na internet, eu não sou a única que tem percebido o quanto os efeitos desse modo de vida que temos assimilado está nos conduzindo não somente para uma “crise de atenção”, como também tem dificultado a nossa capacidade de reter informações.
Essa nossa aproximação de uma realidade cada vez mais digital, que nos permite transitar entre pessoas, assuntos e atividades tão plurais ao mesmo tempo, nos possibilita experiências magníficas, partindo do pressuposto de que somos seres curiosos e necessitamos de novos estímulos para seguir movimentando e conquistando mais.
Por outro lado, tem nos causado angústias e desafios novos, uma vez que a nossa capacidade de processamento não está apta para acompanhar na mesma velocidade com que as coisas têm acontecido. E diferente das máquinas – embora existam muitas pessoas que acreditam que não é bem assim, e muito provavelmente num futuro breve possamos nos tornar – , nós não conseguimos resolver essa questão com a troca de um HD por um SSD.
O que me leva a outra questão.
Assim como as máquinas, quanto maior o volume de atividades em processamento simultâneo, maior o gasto de energia e tempo para resposta e entregas, considerando que o mesmo sistema precisa pulverizar a sua potência de atuação.
Ao fragmentar a sua atenção, você fragmenta também a energia dedicada a determinada tarefa, o que consequentemente gera pequenos incrementos para cada uma delas, ao mesmo tempo que te distancia da sua conclusão.
Se por um lado lhe permite ir conectando os pontos, como diria Steve Jobs, e usar referências e experiências de uma para aplicar em outra, promovendo novos conhecimentos e evolução, por outro, pode causar em muitos a sensação cansaço e estagnação.
E porque eu digo isso? Experiência!
Eu acredito no que Paulo Freire dizia sobre sermos seres inacabados, e de fato somos, estamos em constante movimento e transformação. Também acredito no trabalho de formiguinha, que no longo prazo gera um grande impacto. Uma lógica inclusive que me recorda o contato com a galera de ciência de dados, que oferecia projetos com um escopo de pequenas entregas mensais, em contrapartida a outros que ofertavam um escopo fechado com uma grande entrega no final de um período mais longo.
No longo prazo é importante sim, ter constância e consistência na prática para alcançar os resultados, mas nós, inclusive biologicamente falando, precisamos dessa ação da conclusão e da sensação que ela provoca em nosso cérebro.
A percepção da evolução é tão necessária quanto a própria evolução. A transitoriedade é a nossa realidade, os tempos mudaram e as necessidades, nossas e do mercado mudaram. E assim vamos nos adaptando, contudo precisamos considerar o preço que temos pagado, especialmente com transtornos e doenças como Burnout e FOMO ( do Inglês “Fear of missing out”, que literalmente significa o “medo de estar perdendo algo”) fazendo cada vez mais parte da nossa realidade.
Para finalizar, relembro uma frase do livro Essencialismo que diz: “Menos, porém melhor”.
O foco do livro, e que essa frase sintetiza muito bem, está em priorização. Em fazer melhores escolhas, ao invés de abraçar o mundo. Algo que vale para a vida pessoal e profissional. Para pessoas físicas e jurídicas. Não dá para ser tudo ao mesmo tempo, e dedicar-se a algo, implica renúncia a outro algo.
Há momentos e momentos, claro! E volume é sim importante, inclusive para aperfeiçoar a prática e as habilidades que se deseja desenvolver. Em contrapartida, haverá momentos em que os critérios decisivos não serão embasados apenas no volume, mas na consistência do que está sendo oferecido.
Qual a sua percepção sobre o tema?